Qual resultado é formado a partir da entrada de dois músicos da cena do Death Metal em uma banda de Hardcore/Punk Rock? É exatamente o que se encontra aqui nesse quinto disco do Disfear, um som desesperador e violento, que leva a brutalidade às últimas consequências. Desiludido com o Entombed, que queria retornar a fazer o Death Metal que o consagrou e deixar de lado os flertes latentes com o Stoner, Hardcore e Alternativo que era o que sempre o mantinha empolgado com a banda, o guitarrista Uffe Cederlund resolveu aceitar o convite para entrar no Disfear, ainda mantendo as atividades paralelas com o Entombed até não conseguir mais tirar a idéia de LG Petrov e Alex Hellid que já estavam determinados em voltar às raízes.
Daí para a efetivação do vocalista Tomas Lindberg (At The Gates) foi algo muito natural, visto que o mesmo havia se aproximado do Punk há algum tempo, formando a banda de Crust Punk Skitsystem, além do supergrupo de Grindcore Lock Up. Somando à isso, ainda houve a troca de baterista, com a entrada de Marcus Andersson a banda adquiriu uma pegada mais próxima do Thrash Metal. Todas essas mudanças, somado ao tempo de trabalho em cima das composições e lançamento de "Misanthropic Generation" custou uma demora de sete anos, e posso afirmar categoricamente que isso só contribuiu para o disco sair impecável. Com uma sonoridade ainda mais extrema, esse álbum tornou o Disfear uma banda de Crust Punk, que é basicamente Punk e Hardcore fundido ao Metal Extremo.
Em um estilo já completamente explorado e sem espaços para experimentações, o Disfear conseguiu gravar um disco arregaçador, sem inovações, mas com uma proposta muito bem polida dentro do que eles se propõem e contando com uma produção que consegue deixar o som sujo na medida, sem parecer uma demo velha gravada em algum porão (como parece ter sido gravado seus discos anteriores que possuem gravações tosquíssimas). Aqui a podridão é digna de manter o respeito dentro da música extrema, mostrando que quem sabe e domina o estilo consegue produzir um som muito agressivo de qualidade, sem parecer uma exibição gratuita de violência sonora. Um disco feito para humilhar quem entra nesse meio achando que pra fazer Metal Extremo basta fazer música alta e desenfreada.
Logicamente, "Misanthropic Generation" é pra ser apreciado enchendo a cara, soltando bufas, arrotando e cuspindo, e sem provocar discussões de termos técnicos e complexidade musical. O que não te impede de escutar essa obra-prima sentado aí em frente o pc com essa cara de bundão. Pelo título do disco e das músicas, já se percebe que a intenção da banda é mandar a humanidade pro quinto dos infernos, não literalmente, claro, mas uma forma ávida de se expressar contra tanta hipocrisia, falsidade, valores deturpados, juventude sem propósito, ou seja, exprimir o ódio contra tudo àquilo que é detestável, coisa que todo amante do Rock deveria fazer, e não músicas escritas como vivessem em um mundo paralelo, lindo e colorido, o que é completamente repudiante e que tá contribuindo cada vez mais pra tornar o mundo uma esfera sem solução e caminhando literalmente para o fim, não por previsões arcaicas, mas pelas suas próprias atitudes.
As músicas desse álbum além de incitar essas reflexões ainda te proporciona momentos agradáveis por meio de uma intolerância lírica que causa uma conscientização e uma sonoridade condizente às suas manifestações. E esse é meu post especial de Halloween. Aí você se pergunta: "sim, o que isso tem a ver com o Halloween". Pois eu já respondi, esse disco abre tua mente pra isso, essa merda que o mundo se tornou não tem mais espaço pra fantasia e festinhas inúteis que só trazem uma abstrata distração momentânea, e que devemos nos adaptar e encarar o que nos cerca, que é essa sociedade imunda e degenerada.
Então, em vez de ficar querendo se americanizar por meio dessa porcaria de tradição cultural, procura escutar uma música de qualidade e com letras que vão te fazer enxergar o verdadeiro mundo. Além disso tudo, esse é um dos melhores trabalhos de música extrema que eu escutei nos últimos tempos, mas essa predileção pessoal é insignificante perto da força ideológica que esse cd possui.
01 - Powerload
02 - An Arrogant Breed
03 - Misanthropic Generation
04 - Rat Race
05 - The Final of Chapters
06 - Never Gonna Die
07 - Demons, Demons, Demons
08 - 26 Years of Nothing
09 - A Thousand Reasons
10 - The Horns
11 - Dead End Lives
12 - Desperation
Tomas Lindberg - Vocals
Uffe Cederlund - Guitar
Björn Peterson - Guitar
Henke Frykman - Bass
Marcus Andersson - Drums
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Dragztripztar
Aproveitem o Halloween para queimar uma bruxa (/piadinha política)
4 comentários:
http://www.mediafire.com/?d5j586n0vknxl9k
Achei que a Combe era do Iommi, não do Serra.
Lindenberg é um do melhores vocalistas que eu já ouvi cantar, tanto no At the Gates, como no The Crown.Quanto mais a Combe trouxer trabalhos dele, melhor!ótimo post!
Disfear é fantastico!
Sei que não é proposta do blog, mas eu não iria achar nada ruim se continuassem a postar mais bandas crusts por aqui
Abraço
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