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segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Virgin Steele - Discografia [2ª Parte: 1995-2006]



Nesta segunda data de lançamento oficial do aguardado "The Black Light Bacchanalia", eu trago o restante da discografia do Virgin Steele, e não somente os discos de estúdio, mas também duas compilações repletas de músicas inéditas, remixagens, remasterizações, regravações e versões alternativas, além de uma bootleg de ótima qualidade gravada em 1998.

Muito se discute quanto ao devido reconhecimento que o Virgin Steele deveria ter, uns dizem que a banda se manter no underground é bom porque não gera opiniões alheias e desprezíveis como geralmente acontece com bandas grandes, e também uma maneira de se sentirem privilegiados por conhecerem uma banda de qualidade irrepreensível que não tem tanto destaque. Outros lamentam, por que dessa forma, a banda jamais vai pôr seus pés em solo brasileiro, por mais que alguns de seus discos tenham sido lançados aqui, principalmente os últimos.

A realidade é que se o Virgin Steele estivesse no topo da cena metálica, talvez nunca teriam tanta liberdade artística pra poder trabalhar obras épicas de forma contínua, sem pressão de major, sem grandes pretensões comerciais, simplesmente soltando as idéias contidas na mente incansável de David DeFeis, que ao lado de Edward Pursino, trabalha numa simbiose perfeita. Em cima dessa licença de compor da forma que achar necessário, foi feita a trilogia "The Marriage of Heaven and Hell", que optei por começar a última parte do post pela segunda parte dessa obra por ter apresentado elementos que marcariam uma nova fase pra banda.



Na segunda parte dessa história que envolve diversas mitologias e mitos cristãos, os elementos clássicos aparecem ainda mais acentuados, dando as primeiras amostras do Power Metal que seria praticado com mais ênfase nos discos seguintes, e uma curiosidade que persegue DeFeis até hoje, suas linhas vocais semelhantes, em muitos momentos, as do Eric Adams, embora aqui isso também apareça de forma meio vaga. Logo na primeira faixa, "A Symphony of Steele", percebe-se tal semelhança, e a música em si também é Manowar até o osso. As faixas curtas também impressionam, sendo tão apoteóticas que é até demérito chamar de "intro", e que jamais devem passar despercebidas, pois como uma obra inspirada pela música clássica, vários trechos são repetidos ao longo das músicas, o que incita uma audição ainda mais cuidadosa. Não vou apontar quais trechos se repetem, pois são vários, e acabaria até tirando a graça da coisa, mas posso dizer que o belíssimo tema principal da trilogia aparece em outras músicas. Qual é o tema? Em quais músicas aparecem? Escute e identifique!
Outros destaques de "The Marriage II" ficam por conta de "Crown of Glory" com um tremendo refrão, "Twilight of the Gods" que mostra o Joey Ayvazian quebrando tudo em sua última gravação com a banda, "Transfiguration" que tem uma semelhança interessante com duas músicas do Virgin, a ponte lembra "Never Believed in Good-Bye" e o refrão, "Arms of Mercury" do "The House of Atreus Act II", e por último não posso deixar de destacar as epopéias, "Prometheus The Fallen One" que transmite toda a atmosfera da Grécia antiga no começo e depois cai em um Heavy Metal intenso e "Emalaith". Ambas já trazendo nas baquetas, o Frank Gilchriest.

E fechando a trilogia, "Invictus", talvez o disco mais rápido e pesado do grupo, onde novamente a música clássica foi colocada em ascenção, e vale ressaltar que, inúmeras, digo, quase todas as bandas de Metal que usam orquestrações (mesmo que "artificiais") não reproduzem e muitas vezes sequer compõem essas partes. Dando nome aos bois: produtores como Charlie Bauerfeind e Sascha Paeth na maioria das vezes são responsáveis por trabalhar ou direcionar todos elementos operísticos das bandas com as quais eles trabalham. No caso do Virgin Steele, David DeFeis cria, executa e produz TUDO! Sempre contando com o apoio do Edward Pursino. Sem destaques para "Invictus", a complexidade desse disco merece ser apreciada por inteiro, só um último adendo é que os temas que surgem nessa trilogia não se repetem somente dentro dela, e aparecem nos próximos trabalhos conceituais.

Apaixonado pela cultura grega, DeFeis achou que a abordagem da mitologia grega na trilogia não foi tão bem explorada e resolveu criar mais dois discos conceituais, dessa vez voltados somente para a Grécia antiga e em toda sua amplitude - guerras, lendas e mitos. Quem se interessar pela história que envolve os dois atos de "The House of Atreus", eu recomendo que cheque o site da banda, que lá tem tudo detalhadamente explicado acerca dessa história que não abrange só historicismo, como também uma intrigante trama envolvendo crimes e mistérios. Mas não adiantaria de nada criar todo um conceito ousado desses se o som não correspondesse à altura. Obstinados em criar um marco na história do Heavy Metal, a banda compôs nada mais, nada menos, do que 55 faixas para essa estória!



Lançados em três cds de dois álbuns, "The House of Atreus" mostra uma diversidade musical sublime, e que, sem dúvida, musicalmente foi o ápice da carreira do Virgin Steele, o que não implica que seja necessariamente seus melhores trabalhos. Porém, a magnitude alcançada aqui em pleno momento onde a música era tida apenas como produto e não mais como arte, é digno de prêmios em absolutamente todas as premiações pelo mundo, altos posicionamentos nos charts, vendagens monstruosas... o que não aconteceu nem pela metade! Falo isso, por que além da música desenvolvida aqui transcender as barreiras de qualquer estilo, é a mais pura cultura dispersada em um trabalho que tem sua conclusão em aproximadamente três horas. Eu vou me privar de tecer mais elogios pra uma obra sofisticada desse porte, e só peço uma atenção especial às músicas voltadas essencialmente para a música clássica, como "G Minor Invention (Descent Into Death's Twilight Kingdom)" e "Fantasy And Fugue In D Minor (The Death Of Orestes)".

A intenção principal de DeFeis com os "The Marriage's" e os "The House's" foi mostrar a proximidade da música clássica com o Metal, e não para inserir arranjos sinfônicos piegas dentro de uma sonoridade pesada para chamar a atenção ou por modismo. Também não tem como comparar dois trabalhos conceituais com qualquer outro trabalho não-conceitual da banda, ou, digamos, simples, tendo o seu desfecho em um único disco, que foi o caso de "Visions of Eden", que saiu seis anos após o último "The House of Atreus". Demora essa causada por que DeFeis se concentrou em trabalhar em versões remasterizadas dos discos mais antigos e lançou duas compilações nada convencionais, trazendo inúmeras preciosidades, músicas inéditas soberbas, além de versões alternativas, mixagens originais, e garanto que muita coisa lançada em "Hymns to Victory" e "The Book of Burning" ficou ainda melhor. Mas voltando ao "Visions of Eden", esse disco me chocou mais do que qualquer outra coisa, considero-o o melhor trabalho do Virgin Steele desde a primeira parte do "The Marriage of Heaven and Hell". E comparando musicalmente com os outros discos de forma isolada, sem levar em consideração o valor conceitual, acho que esse é o trabalho mais caprichado e complexo de toda a discografia do conjunto.



Também envolto em uma estória conceitual, "Visions of Eden" causou um alvoroço por causa da gravação limpa demais (e que sem dúvida, ficaram devendo muito nesse aspecto), um som leve, e guitarras sem peso algum, além da maior polêmica, a de que a bateria foi programada, o que ainda não me desceu. Todo mundo sabe que hoje em dia as baterias são triggadas de diversas maneiras, e eu não vi em lugar algum saindo do próprio DeFeis que a bateria seja programada. O som da bateria obviamente não podia ser muito encorpado, até por que a banda apostou em uma sonoridade mais suave e intricada, e foi claramente todo composto a partir dos teclados e piano. Enfim, o que importa é que a abundante fonte criativa de DeFeis já tá se tornando algo surreal. Como que depois de tantos anos lançando clássico atrás de clássico é escancarado pro público composições magistrais como "The Hidden God", "Bonedust", "Black Light on Black" e "Adorned with the Rising Cobra" ?! E que não possuem mais referências em relação à nada, o lado Power Metal foi permutado pelo Progressivo, o próprio DeFeis deixou de cantar à la Eric Adams, e apesar do som ser todo guiado pelos teclados e pianos, é muitíssimo bem arranjado (mesmo aqueles que não concordam que o disco seja o mais complexo, tem que convir que os arranjos foram superados aqui). Mas como de praxe, várias bandas de Metal possuem fãs do peso e não exatamente da criatividade, então é mais do que normal que esse rumo tomado pela banda tenha desagrado muita gente, embora isso não ofusque o brilhantismo do play, que de uma maneira geral foi muito bem aceito.



Fechando aqui, uma bootleg gravada em Paris, na turnê do "Invictus", com uma qualidade muito boa. Não posso deixar de ser chato nesse momento, e devo dizer que seria perfeito mesmo se eles tocassem a "Life Among the Ruins" toda e não só pela metade (risos).

The Marriage of Heaven and Hell - Part Two (1995)

David DeFeis - vocal/keyboards
Edward Pursino - guitar/bass
Joey Ayvazian, Frank Gilchriest & Frank Zummo - drums

Invictus (1998)
David DeFeis - vocal/keyboards
Edward Pursino - guitar
Rob DeMartino - bass
Frank Gilchriest - drums

The House of Atreus - Act I (1999)
David DeFeis - vocal/keyboards
Edward Pursino - guitar/bass
Frank Gilchriest - drums

The House of Atreus - Act II (2000)
David DeFeis - vocal/keyboards
Edward Pursino - guitar/bass
Frank Gilchriest - drums

Visions of Eden (2006)
David DeFeis - vocal/keyboards
Edward Pursino - guitar
Joshua Block - bass
Frank Gilchriest - drums

(Links nos comentários - links on the comments)

Dragztripztar

The Barbarism will be continued. By the Gods.

10 comentários:

GrassHoper disse...

Perfeitas colocações, Dragztripztar! Eu como fã que sou de metal épico e criativo vejo um verdadeiro oásis na obra do Virgin Steele. DeFeis soube cunhar, elaborar e performar com perfeição o som aqui disponível e, pra mim, esses cinco álbuns que fechavam a discografia, até hoje é claro, da banda tramitam como obras de sapiência sobrehumana!! Inspirado na postagem da primeira metade da discografia eu escutei em sequência a saga The Marriage/Invictus e The House of Atreus e me dei conta que a banda achou uma mina de inspiração riquíssima quando compôs esses álbuns e que, ao que parece, a mesma está longe de esgotar.

É de estranhar, de fato, no começo a falta de peso relativa no Visions of Eden, mas é algo passageiro - quando se deixa levar pelo clima do conceito e a maestria das melodias se torna inegável que estamos diante de outra obra-prima. Revendo isso fico ainda mais ansioso para ouvir o Black Light Bacchanalia, que se pelo menos manter o nível dessa sequência de álbuns já vai ser festa certa para os fãs!

E bem pertinente o comentário sobre a autoria das passagens clássicas nos cds de power metal. Bauerfeind e o Sasha Paeth são proficientes nisso e apenas nas bandas em que constam músicos com formação teórica em música erudita eles apenas produzem e não ficam a cargo dessa incumbência (caso do Victor Smolski do Rage e Alex Staropoli do Rhapsody of Fire, só pra citar dois exemplos).

E parabéns pelo belo texto, com certeza deu pro pessoal ter uma idéia do que encontrar nessas jóias postadas!!

Anônimo disse...

ADORO O BLOG DE VCS!
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Diego RJ Garcia disse...

Salve, caro Dragztripztar!

Estou baixando esse bootleg.

Assim como na primeira parte, você elaborou um excelente texto. E ainda fez o grande favor de disponibilizar essa fantástica banda para quem não conhecia.

De fato, eu acho o "Visions of Eden" um pouco sem peso, embora considere a parte conceitual/lírica dele inspiradíssima! As músicas são boas, mas, na minha opinião, o Defeis poderia ter colocado mais agressividade nelas, em especial na parte vocal. No entanto, é um álbum forte, com composições muito boas.

Grande abraço!

André Costa disse...

Acho que tem algum problema com o "visions of eden". O aquivo só tem 6 MB. A última música do "Invictus" também não éstá completa. No mais, valeu pela discografia.

Dragztripztar disse...

Putz, eu coloquei todos esses discos pra upar simultaneamente, provavelmente isso ocasionou esses erros.

O que eu acho mais estranho é que já fazem 2 dias que eu postei isso aqui, muitas pessoas já haviam percebido isso, mas ninguém até agora veio reportar o erro.

Já estou upando novamente o Visions of Eden e a última música do Invictus, que tá completa aqui e não sei pq ficou com erro depois de upada.

Esse Mediafire tá de brincadeira!

Ah, e brigado por terem comentado, é compensador depois do trabalho de preparar um post desses, ter comentários abalizados desses como retorno.

Anônimo disse...

The Marriage of Heaven and Hell - Part Two (1995)
http://www.mediafire.com/?6gtdygsb72sgjrh

Invictus (1998)
http://www.mediafire.com/?12ts6uji7f85ch5

The Majesty of Steele - Live in Paris (1998)
http://www.mediafire.com/?kbcmso7q7dhvtea

The House of Atreus - Act I (1999)
http://www.mediafire.com/?102eq32t1362u0d

The House of Atreus - Act II (2000)
http://www.mediafire.com/?xsxbj2fxh82vdhb

Hymns to Victory (2002)
http://www.mediafire.com/?e1mbxy43j4pys52

The Book of Burning (2002)
http://www.mediafire.com/?63a6asifubhqikt

Visions of Eden (2006)
http://www.mediafire.com/?vycets3nq68u61u


*Os links foram consertados. Agora estão todos ok.

André Costa, baixe aí novamente o Invictus, pq não foi a última música que ficou incompleta, o disco tava incompleto, com 40 MB, qndo na verdade, ele tem 60 MB.

Anônimo disse...

Dragztripztar, como já disse a você, não conhecia esta banda, conheci e me apaixonei de prima! Vlw msm pelo post!

Unknown disse...

no bunalti.com já tem o disco novo do virgin steele...abraço, aprabéns pelas considerações no post!

Rodrigo disse...

Sobre o novo album, o que me espanta é ver pessoas criticando esse estupendo disco. Porr*, o "The Black Light Bacchanalia" é lindo demais...tem todos os grandes elementos que consagraram a banda a partir do Marriage. É épico, possui refrões, melodias e letras fascinantes. É um dos albuns menos pesados do Virgin Steele, mas em termos qualitativas, mantem a banda lá na estratosfera! Disco sensacional e tem gente que pergunta "o que está acontecendo com a banda?". Pergunta estranha, já que atualmente não vejo discos desse tipo sendo feitos por nenhuma banda. É por isso que o fabuloso Virgin Steele é para poucos...assim como boa cultura tbm, ao que parece. É isso o que a banda de DeFeis é: para poucos. E estou extremamente feliz com o resultado do novo album. Qualquer canção ali poderia entrar no House of Atreus...as características são idênticas, a única diferença é que no novo album, temos um DeFeis ainda mais maduro e sabendo que gritar não deixa a música necessariamente melhor...então ele abusa dos sussurros no novo album, o que vai contra a mesmice dessas bandecas famosas do Metal.

Anônimo disse...

Bem legal essa discografia do Steele, parabens...............