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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Enuff Z' Nuff - Strenght [1991]


O marketing sempre vê a necessidade de vender gato por lebre. Por mais que algo seja bom, os marqueteiros tentam aumentar ainda mais a visibilidade de seu produto, para aumentar mais o ganho com o mesmo. Dentro do meio musical também existe isso, e se teve um grupo que sofreu muito por causa de uma imagem inicial criada, este foi o Enuff Z' Nuff. Vendido em seu primeiro disco como uma banda de hard como tantas outras que surgiram no final dos anos 80, eles tiveram um grande problema para lidar com isso posteriormente.

Mesmo em seu disco de estréia, podemos perceber traços de power pop de bandas como Badfinger e Cheap Trick, porém com a roupagem apropriada para aquela época. Mas cansado disso, o grupo viu a necessidade de se desvencilhar da imagem colorida da época e explorar o som que eles gostariam de fazer, o que aconteceu com o sucessor "Strenght". Esqueça aquele clima completamente festeiro do disco de estréia. Agora a banda investe em andamentos mais soturnos, porém com canções ainda bem acessíveis.


Apesar de excelentes músicos, ninguém durante o registro quer aparecer mais que o outro e vemos um grupo focado em criar grandes melodias, em canções intricadas e muito bem compostas, com uma generosa dose de senso melódico em todas elas. Se compararmos este ao antecessor, perceberemos um clima muito mais denso e em certas vezes melancólicos, e que remete bastante a alguns momentos do Badfinger, com grandes estruturas melódicas e cheias de feeling. Sem falar na adição de violinos em algumas músicas, em que o pai de Frigo fica responsável por conduzir o mesmo de maneira quase que sublime.

O início do disco é enganador, com a mais animada "Heaven Or Hell" que vai lhe remeter ao debut do grupo, com seu clima festeiro e mais para cima, mas em que já percebemos a mudança na condução das linhas vocais de Donnie Vie, bem mais melódicas que anteriormente. "Missing You" é mais cadenciada, porém ainda pode enganar para o que o disco apresenta. Em "Strenght" é que percebemos a mudança do som do Enuff Z'nuff, com a inclusão de instrumentos de corda e a latente influência dos Beatles em seu som, em um nítido e belo contraste com a faixa que iniciou o trabalho. "In Crowd" volta ao hard animado e poderia estar no disco de estréia deles facilmente.



Mas a coisa começa a realmente ficar boa na segunda metade do disco. E esta é iniciada com a linda "Goodbye", que ficou conhecida ao entrar na coletânea "Lovy Metal" aqui por terras tupiniquins (e por onde conheci o grupo), uma canção triste e que realmente mostra o poder de fogo da trupe, com uma melodia inesquecível e grandiosa, transmitindo a tristeza que era necessária para a letra. "Mother's Eyes" é outra maravilhosa canção, com mais uma melodia grandiosa e que mostram que eles estavam longe de ser apenas mais um grupo de hard como muitos outros que surgiram naquela época. Feche os olhos e você identificará o Cheap Trick em "Baby Loves You", que entrega as influências da dupla Vie/Z'nuff.

"The Way Home - Coming Home" começa como uma doce canção que poderia ser muito bem escrita por Lennon e em sua segunda metade se torna uma homenagem aos Beatles da fase "Abbey Road". "Time To Let You Go" finaliza o registro com outra bela melodia e atesta de vez que a especialidade da casa era realmente o power pop. Um registro que mostra a coragem de ousar em uma época que não lhes favorecia muito isso. E essa deve ser aplaudida de pé, pois se muitos fizessem isso, talvez não música popular não estaria nesse estado deplorável se encontra hoje, em que um rostinho bonito ou um corpo sarado são mais exaltados que a qualidade.




1. Heaven Or Hell
2. Missing You
3. Strength
4. In Crowd
5. Holly Wood Ya
6. The World Is A Gutter
7. Goodbye
8. Long Way To Go
9. Mother's Eyes
10. Baby Loves You
11. Blue Island
12. The Way Home / Coming Home
13. Something For Free
14. Time To Let You Go

Donnie Vie – Vocais, Guitarra, Teclados
Chip Z'Nuff – Baixo, Guitarra
Derek Frigo – Guitarra
Vikki Fox – Bateria

Músicos Adicionais:
Johnny Frigo - Violino e Viola em "Strength" e "Goodbye"
Dennis Karmazyn - Violoncelo em "Strength" e "Goodbye"



By Weschap Coverdale

5 comentários:

Anônimo disse...

http://www.mediafire.com/?9q8xca5rrfqfwmx

Dynasty disse...

Nem vou falar sobre o conteúdo musical. Mas quanto à imagem, o Enuff... é a legítima banda com comportamento anacrônico.

Sabe aqueles caras que chegam numa festa quando ela já está acabando? Isto é o que eu sinto em relação a está banda.

Chegaram com mais ou menos 5 anos de atraso. Quando o movimento "cara de gatinha" ja começava a ser destruído.

Valeu. Abraço a todos ai na Combe, blog que eu acompanho diariamente.

Dynasty disse...

Esta postagem vale uma análise.

Onde o Poison venceu o Enuff?

Venceu porque seu "Look what the Cat Dragged In" elevou ao máximo a idéia de subversão. Tenho que nenhuma banda pode entrar para o mundo do Rock'Roll e ser inofensiva. Não ser contundente.

Todos que venceram nesta "música dos diabos" ofenderam seu público em algum momento. O instigaram a refletir.

O Poison foi a radicalização de um determinado período. O album citado acima chocava por um travestismo dissociado do homossexualismo que permitiu, a uma geração de seguidores, a expressão de um homem do final do século mais delicado e intimista - prenunciando a nova concepção de relação baseado no afeto - substituindo, em muito, a dureza machista dos a nos 60-70. Banda marcante para minha geração.

Entendo que vai mais além do que a jogada de marketin do empresariado.

Abraço a todos na Combe.

Eduardo Paiva disse...

Excelente resenha, grande banda e um discasso fastástico!

Baixando!! \,,/

Ps.: Que análise do Dynasty sobre o visual "Glam" do Poison! Achei excelente! Digo isso porque o Poison é uma das minhas bandas favoritas!

Anônimo disse...

Também gostei bastante da resenha do amigo Dynasty, foi fundo nas questões intrínsecas do rock...questões que são muito pouco abordadas mas enormemente importantes para a evolução desse estilo rebelde e revolucionário...É o papel do rock ser contestador e instigar os questionamentos, estimulando mudanças de comportamento. Estou baixando para ver se é bom mesmo. Lembro daqueles anos do hard mas não sei bem porquê, nunca ouvi essa banda?!?!?! Bem abraço a todos!!!!!