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segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Black Sabbath - Paranoid [1970]



A efervescência criativa da música pesada nos anos 70 é algo incontestável, bem como foi uma fonte completamente determinante para o crescimento musical, dando amostras do que seria moldado em épocas seguintes de forma comercialmente presa, musicalmente limitada e dependente de fatores lucrativos impostos por elementos extra musicais. Dessa forma, o fator que semeou todo esse campo proporcionando a referência irrevogável no Rock não foi estendido para as gerações futuras. Falo principalmente da liberdade em compor, de experimentar, ousar e criar algo com um anseio em ser único e ultrapassar barreiras, características essas, que faz com que centenas de trabalhos lançados na década de 70 tenham uma cara própria e um nível inatingível em termos criativos, formando uma influência imprescindível principalmente nos segmentos do Hard Rock e Heavy Metal.

Toda essa intelectualidade musicada não era imposta mediante grandes esforços, tudo fluía de maneira rápida e natural, e o disco que trago hoje é um dos maiores exemplos disso. Quatro meses após uma revolução no mundo da música com o lançamento do debut "Black Sabbath", onde foi moldado e iniciado um estilo que se tornaria uma das coisas mais apaixonantes da música, criando uma multidão de fãs fiéis, e milhares de bandas adeptas que por sua vez deram as premissas para vários subgêneros, gerando todo um modelo musical e visual que revolucionou, abriu mentes, transpareceu uma excelência no concebimento de suas obras, e por fim, se tornou estilo de vida e ideologia pra toda uma geração desde os primórdios até os dias atuais.

Se no álbum anterior a questão do obscurantismo chocou e instigou o público, em "Paranoid" os elementos sombrios tiveram ainda mais impacto e parecia que Tony Iommi buscava seus riffs em uma outra dimensão, pois fazia algo completamente fora dos padrões, transmitindo uma atmosfera amedrontadora que não precisava de truques de edição, apenas sua guitarra plugada no amplificador e o "rec" aceso. Somado à isso, percorria pelo som da banda, letras que até hoje causam controvérsias, cobertas de ocultismo e mensagens subjetivas, e que eram transmitidas de forma única e fascinante pelo excêntrico Ozzy Osbourne.

Essa imagem misteriosa que o Black Sabbath passava, causava repúdio nos conservadores e na sociedade inglesa, porém isso fascinava os jovens daquela época, mesmo "Paranoid" não apresentando somente músicas voltadas ao ocultismo, tendo uma variedade lírica que aborda até críticas bélico-políticas e ficção científica, e tudo girando em torno de uma visão severa. Foram essas músicas que escapavam da abordagem obscura que se tornaram alguns dos pontos altos do lp, como "War Pigs" que tem uma simplicidade em sua execução, e complexidade na estrutura, alternando momentos pausados e arrastados dando o pontapé inicial à outro estilo musical, o Doom Metal, até um final hipnotizante com mais um dos inúmeros solos memoráveis de Tony Iommi.



A outra música que aborda um assunto abstido de ocultismo é simplesmente a representação mais genuína do Heavy Metal, um modelo definido das características elementares do Metal, e "lição de casa" indispensável para aqueles que querem praticar ou se tornar entusiasta do estilo é "Iron Man", um dos maiores êxitos do Sabbath, e que juntamente com a sucinta, porém genial faixa-título são as principais responsáveis por tornar esse álbum o de maior sucesso da carreira dessa banda precursora.

"Paranoid" não estava cotada para ser faixa-título e sim "War Pigs" (que por sua vez nem ia ter esse título), mas as referências contidas nela recuaram a gravadora que propôs de última hora com a capa já pronta que o título do disco deveria ser outro. Esses fatores esporádicos cercaram o trabalho do começo ao fim, como o próprio concebimento da "War Pigs" que só teve sua letra feita durante as gravações, e "Paranoid" que foi concluída em menos de meia-hora porque a banda precisava de mais músicas para colocar na bolacha.

Dentre as curiosidades que marcaram "Paranoid", nem todas são apenas histórias, a própria sonoridade se incumbiu de trazer elementos curiosos, como se pode notar em "Planet Caravan", uma música sem peso algum, com Ozzy cantando de forma descaracterizada, e um clima ritualista conduzido por percussão e um sutil acompanhamento da guitarra. Alguns chegam até a duvidar que de fato seja o Ozzy que canta essa música. Chegando ao b-side do lp, o ar amedrontador do disco ganha contornos ainda mais fortes com músicas que já apresentavam levadas convidativas à "banguear", ou alguém consegue ficar contido ao escutar "Electric Funeral"? Diante de seus riffs desapiedados, Ozzy transmite versos fantasiosos ou não, de destruição e decadência humana, coisa que hoje é real e notável.

Em "Hand of Doom" as mensagens novamente se tornam de interpretação própria, onde o primeiro verso pode ser visto como uma crítica ao institucionalismo imperante desde aquelas épocas até os dias atuais, onde se mostra de maneira ainda mais influente e estúpida, e metaforicamente o verso seguinte pode ser compreendido que para fugir da realidade suja imposta por (divinas) regras, as drogas seriam uma alternativa. Essas interpretações sempre serão discutíveis e não há como absorver exatamente o que o Black Sabbath queria passar, ou melhor, onde queriam chegar, pois o que a banda quis passar sempre foi claro, mensagens ocultas e críticas diversas, além de assuntos variados em seus discos posteriores, como o amor, alienação mediática, etc. O que não é discutível é a sua força no âmbito musical, e sua extrema e determinante importância.


Dando prosseguimento a obra-prima, surge uma faixa instrumental de título repugnante. "Rat Salad" serve para as atenções até então divididas entre os choques das letras e o som, fossem voltadas somente para a habilidade dos músicos, onde fica mais do que claro a genialidade da "cozinha" formada por Geezer Butler (o primeiro headbanger da história, - risos-) e Bill Ward, um dos meus bateras preferidos. Fechando esse épico do Heavy Metal, e inspirado em um ataque de skinheads sofridos por Ozzy e Geezer, é o momento de "Fairies Wear Boots" apavorar com riffs contagiantes, pegada insana, e a interpretação única de Ozzy, impostando um vocal agressivo.

Eu jamais me imaginei escrevendo um texto sobre o Black Sabbath, porque pra mim a coisa é simples e direta quando se trata dessa banda, é e sempre foi minha banda preferida desde que tive contato pela primeira vez com ela, na minha infância, através das audições por alto do lp "Sabotage" que meu irmão escutava incansavelmente, desde então minha admiração só cresceu quanto mais fundo eu me aprofundava na história deles. Bem como sempre considerei Tony Iommi o melhor guitarrista da história, manteve uma linearidade de trabalhos altamente impactantes e quase todos mantendo o mesmo nível, por mais que os radicais tradicionalistas não admitam isso, além de mostrar que pra ser gênio não precisa firulas ou exibições gratuitas de técnicas, e sim, o que vale é a inspiração, o sentimento e a criatividade.

Espero que a maioria de vocês já deva conhecer esse trabalho, e a importância dessa banda. E aos que não conhecem, faça um favor a si mesmo, e baixe esse clássico.

01. War Pigs
02. Paranoid
03. Planet Caravan
04. Iron Man
05. Electric Funeral
06. Hard of Doom
07. Rat Salad
08. Fairies Wear Boots

Ozzy Osbourne - vocal
Tony Iommi - guitar
Geezer Butler - bass
Bill Ward - drums

(Links nos comentários - links on the comments)

Dragztripztar

8 comentários:

Anônimo disse...

http://www.mediafire.com/?7u15q8cun4gni7q

Igor Miranda disse...

Crássico!

Anônimo disse...

Texto muito bom, parabéns!

Eduardo Paiva disse...

Resenha excelente!
"Paranoid" é clássico dos clássicos!

ZORREIRO disse...

Resenhar esse disco deve ser moleza.
A primeira frase de paranoid é simplesmente a frase mais perfeita do rock!
Finished with my woman 'cause she...

jantchc disse...

otimo cd, mas na minha opinião o 1º é melhor..

gde resenha..

Anônimo disse...

Show de bola!!!!
O album e a resenha!!!

Anônimo disse...

muito bom o texto sobre o álbum.obrigado pelo link e parabéns.