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sábado, 20 de novembro de 2010

Santana - Supernatural [1999]


Como pode um artista proveniente de uma época tão pululante de idéias experimentais intrépidas se adaptar ao momento comercial e exigente da indústria fonográfica sem prestar ao ridículo de se inserir na sonoridade importuna e pobre que predomina as rádios? E como se inserir nesse meio mantendo a integridade musical produzindo algo relevante depois de uma carreira gloriosa? Carlos Santana tem a formula e a resposta para todas essas perguntas.

Depois de quase vinte anos sem ser certificado com nenhum disco de ouro, platina ou qualquer premiação relevante, Santana teve a grande idéia de juntar um enorme time de músicos famosos para compor um novo disco. Com uma admirável percepção artística conseguiu filtrar os músicos de destaque realmente talentosos no meio de uma cena pop tomada por músicos ordinários e oportunistas, incluindo alguns fabricados que nem se pode chamar de músicos.

Dessa forma, foram reunidos representantes do Rap, Hip-Hop, Blues, Rock Alternativo, Pop Rock e claro, música latina, a base da musicalidade de Santana. Por mais que estilos como Rap e Hip-Hop tenham uma carência absurda de musicalidade, e na maioria das vezes são produzidos por pessoas sem o menor senso melódico, ainda não é um campo generalizado. Everlast, Cee-Lo e Lauryn Hill, são notáveis exceções. Porém, em um caso específico Santana operou um verdadeiro milagre.


A capa muito bem matizada revela o tipo de som que se encontra em Supernatural. Esse som por sua vez tem uma incrível capacidade de montar uma paisagem ao ouvinte. Sol, verde e mulheres exuberantes é o que vem à cabeça quando se escuta principalmente as músicas com maior teor de ritmos latinos e que são, em sua maioria, cantadas em espanhol. Supernatural é acima de tudo um trabalho Pop, mas obviamente é um Pop decente e vibrante, que nessa época já havia deixado de ser feito há um bom tempo. E a musicalidade tão expandida e explorada a partir de seus representantes mais notáveis faz desse disco merecedor do sucesso estrondoso, e do recorde em premiações pelo mundo todo, inclusive no Brasil.

Porém, tem um fator crucial que divide o foco com a grande mistura de estilos. Santana desenvolveu um trabalho improvisado da primeira à última nota do play. Não existe riffs e as bases de guitarra são quase inexistentes, apenas o ritmo é fincado, e na maioria das vezes, bem dançante e percussivo. Não existe outro guitarrista que faça um trabalho Pop somente na base da improvisação, e ainda mais, de forma viável para se encaixar facilmente as músicas em rádios e tvs, fazendo com que pessoas completamente leigas se encantem por seu trabalho. Improvisações essas, herdadas do Blues Rock, portanto tem aquela típica harmonia que sempre se encaixa e nunca cai como experimentalismo.

"(Da Le) Yaleo", a música que abre o álbum, é bem agitada e festeira, onde Santana canta juntamente com o percussionista e outro convidado. Por falar em convidado, são inúmeros músicos que participam desse trabalho, porém os únicos conhecidos dos roqueiros são o baterista Gregg Bissonette (David Lee Roth, Steve Vai, Steve Lukather, Joe Satriani), o baixista Mike Porcaro (Toto) e a lenda Eric Clapton. Dave Matthews surge em "Love of my Life" onde o groove do baixo segura as pontas e é o momento em que Santana menos improvisa, mas compensa o minimalismo dos arranjos com um ótimo solo. Depois dessa leve canção, vem outra tão leve quanto e que denunciaria um tracklist mal montado, se a dita cuja não se tratasse de "Put Your Lights On", um dos maiores destaques do disco, e uma das baladas mais marcantes da carreira de Santana.




Essa música foi inteiramente composta por Everlast, que é um rapper merecedor de mais atenção, pelo simples fato de ser um dos únicos que sabe cantar. No ano anterior ao trabalho com Santana, o rapper americano já havia gravado um disco de Rap bem diferenciado, o que deve ter chamado a atenção de Santana. "Put Your Lights On" é uma aprazível composição, e como de praxe, recheada de improvisações que a tornam única e com a marca singular de Santana estampada. Essa excelente parceria foi consolidada com o grammy de "Melhor Performance de Rock por um Duo ou Grupo com Vocal".

"Africa Bamba" retorna ao ritmo latino e dá um belo up no disco, preparando o terreno pra um dos maiores sucessos do final da década de 90. É em "Smooth" que também se encontra o referido milagre. Vou me tornar repetitivo, mas não tem como colocar Santana no patamar de exclusividade novamente. Até hoje me pergunto quando, como e onde Santana viu algum tipo de talento no fraco Rob Thomas da escrotérrima banda Matchbox Twenty, a ponto de compor em parceria uma música tão empolgante e clássica como "Smooth". Thomas inspirado em trabalhar ao lado de uma fera, fez um trabalho condizente com a sonoridade quente e realizou uma atuação com um ar de sensualidade, auxiliado por truques de estúdio, mas sem tirar seus méritos.




O Rap/Hip Hop toma a frente do disco mais uma vez em "Do You Like the Way", que mostra toda a influência Soul de Cee-Lo, fazendo um dueto muito bom com Lauryn Hill. Apesar do Hip/Hop se encontrar presente nessa música, não faz dela uma composição que se encaixe nesse estilo. Basicamente, o Rap/Hip Hop só dá um tempero em alguns sons, que são sempre enraizados no Blues e na música latina. Ainda que isso não fique claro em "Maria Maria", o único momento fraco do disco. Um ritmo simples, repetitivo e aguado a faz destoar do restante. Tudo que foi dito às outras músicas cantadas em espanhol pode ser repetido ipsis litteris a "Migra", que abre caminho pra baladinha "Corazón Espinado" que conta com a participação do grupo Maná, e recebeu dois grammys latinos nas categorias "Gravação do Ano" e "Melhor Performance de Rock por um Duo ou Grupo com Vocal".

Antes de conhecer Supernatural já sabia que Gregg Bissonette fazia participação na música "El Farol" e a primeira coisa que fiz foi colocá-la pra tocar, esperando escutar o Bissonette mandando ver. Tive que conferir inúmeras vezes se essa realmente era a música que o renomado baterista tocava, pois muito me impressiona chamarem um músico de tal nível pra fazer uma sonolenta marcação com o bumbo. Nem a percussão é tocada por ele, que não chega nem a bater na caixa do kit. Chega a ser engraçado, mas compensando o pormenor, "El Farol" é um instrumental simples, mas bem agradável. E o último grande destaque, evidentemente é "The Calling" com Santana fazendo duelos matadores com Eric Clapton. Quase oito minutos de Blues Rock com cara de jam.

Supernatural é um dos maiores e últimos sucessos fenomenais de vendas da história da música. Nomeado para onze Grammys, o disco arrebatou nove, incluindo "Álbum do Ano" e três Grammys Latinos de "Gravação do Ano". Vendeu 27 milhões de cópias e foi certificado com quase 50 discos de ouro, platina e diamante, recebendo até mesmo no Brasil. Sem contar os singles que permaneceram por um longo tempo em altas posições nos charts. Configurando Supernatural como o disco de maior sucesso da carreira de Santana e atingindo uma marca insuperável de premiações.

Apesar de o disco apresentar uma vasta gama de influências, não é tão heterogêneo quanto possa parecer. A maioria dos ritmos diversos encontrados apenas recheia uma sonoridade entranhada na música latina e no Blues Rock, com um considerável approach Pop. Dessa forma, Santana se mostra um invejável conhecedor de causa e um dos músicos setentistas que melhor soube se reinventar, encabeçando a lista de sua estirpe devido sua individualidade e poder de se renovar. No mais, Supernatural é mais do que ideal pra se escutar em um fim-de-semana ensolarado - como está hoje, pelo menos onde eu moro.

01 - (De Le) Yaleo
02 - Love of My Life (feat. Dave Matthews)
03 - Put Your Lights On (feat. Everlast)
04 - Africa Bamba
05 - Smooth (feat. Matchbox 20's Rob Thomas)
06 - Do You Like the Way (feat. Fugees' Lauren Hill and Goody Mob's Cee-Lo)
07 - Maria Maria (feat. Fugees' Wyclef Jean)
08 - Migra
09 - Corazón Espinado (feat. Maná)
10 - Wishing It Was (feat. Eagle-Eye Cherry)
11 - El Farol
12 - Primavera
13 - The Calling (feat. Eric Clapton)
14 - Day of Celebration (Bonus Track)

P.S: Lista infinita de músicos no line-up, se colocado aqui vai tomar um espaço enorme. Caso queiram tudo detalhado vocês sabem onde procurar. ;)

(Links nos comentários - links on the comments)

Dragztripztar

9 comentários:

Anônimo disse...

http://www.mediafire.com/?jaf9493xwseev95

Igor Miranda disse...

Baita post, Drag.
Muita gente fica de mimimi mas o cara conseguiu fazer música comercial sem ser escroto.

Unknown disse...

Cara, esse disco me traz ótimas lembranças. Valeu pessoal!

Anônimo disse...

Não sei onde procurar.

Anônimo disse...

Valeu pelo excelente disco cara!

Nei disse...

Parabéns pela excelente postaem! Abraço!

ZORREIRO disse...

Discaço.
Lembro que houvi smooth pela primeira vez no rádio do carro.
Solinho previsível, mas a melodia é muito boa (3 acordes).
Excelente

Anônimo disse...

tava atraz de algo assim

Lyn disse...

Santana escolheu um péssimo vocalista para se apresentar com ele no último domingo no American Music Award, mas, enfim, o que interessa é que sua guitarra continua "caliente" e cheia de gingado!

Belo post. Baixando!