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quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Impurity - Satanic Metal Kingdom [2004]


Muitos visitantes da Combe já devem ter lido a carta aberta (press-release, manifesto, chame como quiser) de um sujeito petulante de uma banda conhecida - não mais que "conhecida" - que se utilizou do seu linguajar insolente para expressar de maneira completamente infantil sua indignação cheia de birra típica de pré-adolescente que venera o Metal como religião e coloca como prioridade na vida, fazendo os velhos discursos em defesa do estilo. No meio de tanta displicência gramatical e expressões marginalizadas, foi levantada uma questão velha e clichê, porém, interessante.

Essa picuinha levantada pelo "guardião do metal" começou há mais de vinte anos em Minas Gerais, quando as bandas toscas de Thrash Metal e Heavy Metal dessa região achando que mereciam a mesma visibilidade do Sepultura - que se destacou com seu próprio suor e esforço, expandindo sua popularidade ao exterior - passaram a ficar lamentando um possível sucesso, além de culpar o Sepultura por não ter divulgado o nome de tais bandas amadoras, que só possuíam força de vontade, mas o talento necessário para se distinguir das demais eles esperavam cair do céu - ou, mais possivelmente, emergir do inferno.

Dentro desse panorama do cenário mineiro daquela época se iniciou todo o "blá blá blá" de injustiça com o Metal nacional. A despeito dessas bandas mineiras não terem conseguido crescer como nunca deveriam, havia sim, bandas que eram merecedoras da atenção mundial. Algumas, meritoriamente, obtiveram o êxito desejado, como o Sarcófago e o Eminence. Porém, outros grupos que mereciam o mesmo status não tiveram a sorte de ter uma boa divulgação que lhes proporcionassem difundir seus trabalhos. Dentre esses reais "injustiçados" estão grupos como Perpetual Dusk, Agaures e Impurity - sendo esse último, o maior merecedor de tal status por ter um longo tempo de batalha, além de apresentar uma constante evolução em sua carreira que teve o apogeu aqui no terceiro disco.

David Vincent do Morbid Angel usando a camisa do Impurity

No final dos anos 80, incorrido pelas profanações do Sarcófago, o vocalista Ram Priest deu início ao Sexfago, um grupo de covers, que após dois anos mudou o nome para Impurity e passou a compor sons próprios. Depois de lançar dois discos com formações completamente diferentes - com a permanência somente de Ram Priest em ambos os discos - o Impurity lançou seu melhor trabalho e que pode facilmente ser apontado como um dos melhores discos nacionais de Metal Extremo.

Para o lançamento de Satanic Metal Kingdom, a banda foi novamente trocada, além de modificar o aspecto visual; sem maculações religiosas explícitas e abolindo o corpse-paint. Porém, a mudança mais significante foi no som, que trouxe uma influência tão forte de Heavy Metal que a única característica remanescente do Black Metal foi o vocal de Ram Priest. E, assim como no álbum anterior, a influência do Samael foi mantida - mas, dessa vez, da fase do disco Ceremony of Opposites.

Apesar de Satanic Metal Kingdom ser fortemente penetrado pelo Heavy Metal, as composições ainda são arraigadas no Black Metal. Assim como existem bandas que misturam Black Metal com Thrash (Desaster, Absu), ou Death (Behemoth, Belphegor), ou Folk (Nokturnal Mortum, Folklord), o Impurity desenvolveu um Black Metal incutido no Heavy Metal tradicional. Satanic Metal Kingdom apresenta músicas maduras e harmoniosas, que se igualam como destaques. Guardada as devidas proporções de técnica e desenvoltura, é evidente que a influência Heavy da banda vem do Mercyful Fate, tanto que, por coincidência - ou não - a excelente "Dark are the Ways" possui uma parte idêntica ao final de "Egypt" do Mercyful Fate. Além de outras passagens ao longo do disco que remetem ao grupo do King Diamond.



O Impurity junto com uma infinidade de bandas do Metal Extremo só comprova de uma vez por todas que as coisas são invertidas no Brasil. Nada é mais claro que o fato do Brasil produzir bandas de Metal Extremo no mesmo nível das bandas gringas - e no Black Metal, muitas vezes são ainda superiores, como pôde ser observado no Setembro Negro Festival de 2004, onde vários críticos e fãs sensatos puderam perceber que as quatro bandas de abertura da "grande atração" que veio da Bélgica, eram muito superiores e mais competentes que os gringos 'entronados'. Portanto, se existe algum músico ou banda brasileira que tem propriedade pra clamar por mais atenção são esses pertencentes ao cenário extremo. Caso queira comprovar uma bela amostra dessa superioridade do Metal Extremo Nacional, aqui está um dos vários exemplos.

01 - Satanic Metal Kingdom
02 - Grayish Land of Desolation
03 - Invocation of the World of Horrors
04 - Abyss of Wisdom
05 - Egyptian Devils
06 - About the Flame and the Wind
07 - Dark are the Ways
08 - Night Beasts
09 - Desecration of the Host
10 - Instrumental

Ram Priest - Voices
Gosaric - Guitars
Hades - Guitars
Cerbero - Bass
Sausmikath - Drums

(Links nos comentários - links on the comments)

Dragztripztar

Da esquerda para direita: Gosaric, Sausmikath, Ram Priest, Cerbero e Hades

5 comentários:

Anônimo disse...

http://www.mediafire.com/?808un4snlmbybcd

Anônimo disse...

Gostaria de saber mais sobre essa tal ''carta''.

Luca Lamy disse...

A carata é do Tiago Bianchi(procura na van que vc vai achar - vansucks.blogspot.com -), do Shaman, cara que eu achava ser gente fina, mas que se mostrou um baita de um arregão, porque se do jeito que tá não dá mais, vai cantar forró então...
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Vou conferir mas acho que já gostei só de ver a capa...

Anônimo disse...

taí a carta:

http://173.193.20.104/materias/news_857/119453-shaman.html

Luca Lamy disse...

Caraaaalho...
... Black Metal do Caralhoooo...
Daqueles que dá vontade de ter carro com som de funkeiro só pra botar pra tocar na frente da igreja mais próxima!!!

É uma pena essa questão do Metal Extremo. Parece que no Brasil só existem bandas de Melodic Metal. Realmente é lastimável um talanto desses não ser reconhecido.