Enquanto "(Music From) The Elder" e "Carnival Of Souls" ganharam o status de "clássico cult", "Crazy Nights" permanece como uma ovelha negra e, muitas vezes, até como uma incógnita na carreira do Kiss. O tempo muda e a sonoridade também, ninguém pode viver de passado. Mas a mudança apresentada no décimo quarto álbum de estúdio da discografia, por mais que tenha sido apresentada progressivamente nos registros anteriores, pode parecer muito brusca para os ouvintes de primeira viagem.
"Crazy Nights" tem pouco do que consagrou a banda na década de 1970. Correto, porque os integrantes não eram os mesmos: Bruce Kulick assumiu a guitarra solo em 1984 e Eric Carr, as baquetas em 1980. Todavia, é notável que a sonoridade pra lá de Hard Rock oitentista e farofeira foi adotada durante o disco para incrementar as vendas do mesmo, visto que o antecessor "Asylum" vendeu pouco mais de meio milhão de cópias nos Estados Unidos - número baixo para os padrões dos ex-mascarados.
"Crazy Nights" tem pouco do que consagrou a banda na década de 1970. Correto, porque os integrantes não eram os mesmos: Bruce Kulick assumiu a guitarra solo em 1984 e Eric Carr, as baquetas em 1980. Todavia, é notável que a sonoridade pra lá de Hard Rock oitentista e farofeira foi adotada durante o disco para incrementar as vendas do mesmo, visto que o antecessor "Asylum" vendeu pouco mais de meio milhão de cópias nos Estados Unidos - número baixo para os padrões dos ex-mascarados.
Caro leitor, por mais avesso a esta fase do Kiss que você possa ser, é inegável que este disco contém ótimas músicas. O problema de "Crazy Nights" é o contexto histórico, em vários sentidos. O baixista Gene Simmons estava dedicando mais tempo para sua carreira de produtor musical e ator do que para a banda. Além disso, a segunda metade da década de 1980 representa o auge do famigerado Hair Metal no mainstream. Isso justifica a orientação comercial das composições e até mesmo a escolha do produtor Ron Nevison, competente, porém deslocado por aqui. E aí está a principal deficiência sonora do registro: a produção.
Faixas como My Way e Turn On The Night trazem uma cama de teclados exuberante o bastante para ofuscar o peso da bateria e das guitarras. Os solos de guitarra de Bruce Kulick, por mais que estejam inspiradíssimos (aqui tem seu melhor trabalho de guitarra depois de "Revenge"), apresentam uma timbragem enfática nos agudos, o que torna a audição de alguns deles bem chata e datada. O próprio direcionamento comercial se torna um problema em canções pouco inspiradas como a enjoada Bang Bang You.
Faixas como My Way e Turn On The Night trazem uma cama de teclados exuberante o bastante para ofuscar o peso da bateria e das guitarras. Os solos de guitarra de Bruce Kulick, por mais que estejam inspiradíssimos (aqui tem seu melhor trabalho de guitarra depois de "Revenge"), apresentam uma timbragem enfática nos agudos, o que torna a audição de alguns deles bem chata e datada. O próprio direcionamento comercial se torna um problema em canções pouco inspiradas como a enjoada Bang Bang You.
No entanto, há grandes momentos em "Crazy Nights". A própria My Way, apesar de muito teclado, contém uma das performances mais poderosas do vocal de Paul Stanley em quase 40 anos de KISStória. A radiofônica Crazy Crazy Nights, a bela balada Reason To Live, a paulada No, No, No, entre muitas outras que constituem a maioria do play, garantem a diversão do ouvinte. Vale deixar claro, inclusive, que o grande destaque é o Starchild: cantando e compondo muito, sua atuação se mostra inspiradíssima do começo ao fim.
A tática de vendas deu certo, pois "Crazy Nights" conquistou disco de platina nos Estados Unidos e Canadá, além de emplacar singles nas paradas de países como nos dois anteriormente citados, Reino Unido, Holanda, Austrália e Noruega. Vale a pena conferir esse registro e descobrir que trata-se de um grande álbum, prejudicado pelo já explicado "contexto histórico".
A tática de vendas deu certo, pois "Crazy Nights" conquistou disco de platina nos Estados Unidos e Canadá, além de emplacar singles nas paradas de países como nos dois anteriormente citados, Reino Unido, Holanda, Austrália e Noruega. Vale a pena conferir esse registro e descobrir que trata-se de um grande álbum, prejudicado pelo já explicado "contexto histórico".
01. Crazy Crazy Nights
02. I'll Fight Hell To Hold You
03. Bang Bang You
04. No, No, No
05. Hell Or High Water
06. My Way
07. When Your Walls Come Down
08. Reason To Live
09. Good Girl Gone Bad
10. Turn On The Night
11. Thief In The Night
Paul Stanley - vocal (1, 2, 3, 6, 7, 8, 10), guitarra base
Gene Simmons - vocal (4, 5, 9, 11), baixo
Bruce Kulick - guitarra solo, backing vocals
Eric Carr - bateria, percussão, backing vocals
Músicos adicionais:
Phil Ashley - teclados
Tom Kelly - backing vocals
(Links nos comentários - links on the comments)
by Silver
16 comentários:
Kiss - Crazy Nights [1987]
(58,8mb ~ 192kbps)
Download link:
http://www.multiupload.com/01YKP87FK2
Beeelo post. Adoro o Crazy Nights, foi amor a primeira vista, adoro este tipo de som! A única música que não consigo engolir é a "No, no, no" "/
Crazy Nights mostrou um Kiss totalmente de cara lavada. A resenha está correta, situando com fidelidade o “contexto histórico”.
Lembro ainda que o produtor de Crazy Nights foi Ron Nevison, o mesmo que produziu o Heart, na época. Aliás, se If looks could to kill estivesse nesta album... não seria nada estranho.
Interessante a expressão “famigerado Hair Metal”, pois hoje, estou ouvindo – diga-se: “resgatando” bandas que praticamente saíram de cena, na época, exatamente porque não se moldaram ao Hair Metal.
O Kiss foi uma banda que se adaptou inteiramente a corrente Hair Metal, junto com o Whitesnake e seu time de loiros queimados de 1987.
Ah, o Ozzy se perdeu completamente nesta época, parecendo sempre fora de foco tanto musicalmente, quanto no figurino. Precisou vir o trash para literalmente sujar toda a cena metálica.
No entanto, Crazy Nights é bom.
Em 1992, Gene diria, após a composição de Unholy, que desde I love it loud “só havia composto porcaria”. Assim, o linguarudo deu um ar “marginal” para as canções que ficaram neste ínterim.
Particularmente, fora a faixa título, gosto de Good Girl Gone Bad e Thief in the Night, assim como Murder in high heels e lonely is the hunter. Elas ficam, como se pudéssemos encontrar, uma play list perdida dentro de todo o repertório da banda.
Parabéns pelo post. Parabéns pela resenha. Abraço a todos da combe.
cara. eu adoro esse album.
Excelente disco. Não deixem de baixar
Não tenho muito a escrever a não ser que a resenha está bem representativa e de fazer minhas as palavras aí do Dynasty. Apenas quero acrescentar que Bruce e Eric estão incríveis neste disco e que todas as músicas são muito bem compostas e executadas. Acho que só não é um dos melhores do KISS justamente por causa do famigerado (aqui sim) "contexto histórico".
Se é Kiss eu tenho que baixar!
Eu acho bem melhor que o Animalize e o Asylum.
Simplesmente fantástico !!!!Sem mais.
Acho que a grande marca do KISS é a voz do Paul Stanley (ele detona!), mais do que o Gene Simmons.
É um dos vocalistas de Rock mais longevos, e nunca ouvi falar um "A" sobre esse cara, sequer um escândalo. Pode ser que haja algum problema, mas me parece um ótimo exemplo de conduta para um ROCKSTAR.
Gosto muito da formação que teve origem em ASYLUM, um álbum que considero poderoso, mesmo não sendo um sucesso digno de megavendagens.
Bruce Kulick e Eric Carr fizeram do KISS, até a partida de ambos, uma banda mais técnica e bem musicalmente evoluída.
E KISS é sempre o KISS, mesmo com tantas variações de estilos e épocas, modas e modismos.
A única ressalva, como eu costumo enfatizar, é o excesso do glam/hair metal, que eu não gostava mesmo.
Mas se a mulherada curtia isso, quem sou eu para reclamar?
Eu pessoalmente, achava um absurdo a androginia dentro do Rock. Sou caretão mesmo, preferia que o KISS fosse mais troglodita, que chega em bar de beira de estrada em Harley Davidsons, sujos de poeira e prontos para dar porrada em vagabundos bêbados... até que não seria má ideia se o KISS fizesse um álbum extremamente Southern Rock/Sludge!
E tascando beijos (KISSes) na mulherada, em vez de ficar passando batomzinho e usando rendinhas!
Hehehehehehe!
Long Live Rock'n'Roll!
"Até que não seria má ideia se o KISS fizesse um álbum extremamente Southern Rock/Sludge". ¬¬ ¬¬ ¬¬ ¬¬
Bom, me permita discordar do postador. Eu não acho que o chamado "Hair Metal" seja tão famigerado assim. Excelentes bandas surgiram nessa época e se esquecermos o lance visual o som de algumas era ótimo.
O Kiss adotou o Hair Metal com
Animalize e Asylum, mas a partir de Crazy Nights o visual ficou mais dark e as músicas mais trabalhadas.
Crazy Nights é uma das minhas bolachas preferidas. A produção do Ron Nevison é excelente. E as músicas contagiantes. Excelente álbum.
Recomendo. O Paul Stanley cantou MUITO nesse disco. E o Gene detona em "Hell Or High Water".
Alguém que não sabe o que significa a expressão "famigerado" acima.
Gosto bastante desce play, na minha opinião contém um dos melhores trabalho vocais da banda, principalemnte do Gene Simmons que canta de verdade, buscando criar harmionias e usando os drives quando necessario, fugindo da sua caracteristica habitual e explorando novos estilos, muito legal.
Paul Stanley de fio dental é algo realmente dark. Tanto pêlo que deve ter por ali, que fica dardk de se enxergar algo.
Também acho a produção com muito agudo, "if looks could kill" do Heart segue a mesma linha.
Mas, Kiss é Kiss e a minha preferida é "hell or high water". Tem uma levada safada na voz de Gene e o refrão é pra cantar à plenos pulmões com a boca bem aberta rsrsrs. Parabéns Silver.
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